O Apartamento
Karine estava deitada no chão, sua perna esquerda sangrava, sua cabeça estava dolorida e seu ombro direito estava ferido, mais mesmo assim conseguiu se arrastar até o telefone que estava tocando na cozinha, o apartamento era pequeno, tinha três cômodos, uma cozinha, uma sala, banheiro e um quarto, o telefone ficava na cozinha, pendurado na parede, conseguiu atende-lo, quase chorando.
- Alô seja quem for eu preciso de ajuda... – a voz do outro lado da linha a interrompeu.
- Karina que aconteceu? Parece que você está chorando! – era a voz de sua irmã.
- Elen é você, eu preciso de ajuda, Jhony enlouqueceu, ele me atacou e eu revidei – Karina olhou para o lado, onde estava o corpo aparentemente morto de seu namorado – manda a policia pra cá, ambulância o que for eu to com medo, to machucada.
- Eu to indo para ai – quando Elen terminou a frase o telefone ficou mudo.
Karina encostou-se na parede e começou a chorar, ela não sabia o que tinha acontecido, foi como se seu namorado tivesse enlouquecido.
Jhony nunca fora do tipo super carinhoso e nem muito meigo, mais nuca levantara a mão para ela, até aquele dia.
Resolveram passar o domingo em casa, ultimamente não passavam muito tempo juntos, assistindo tevê, comendo porcarias e talvez transando um pouco, como no início, quando foram morar juntos. Foi ai que Jhony passou mal, parecia ser algo que havia comido, o estomago dele fazia barulhos sem parar e ele se queixava de cólicas estomagais, Karina ajudou – o a ir para a cama e foi até a cozinha fazer um chá. Quando voltou ele havia sumido, não estava mais na cama, nem em nenhum lugar do quarto, não onde ela pudesse vê-lo pelo menos, a porta do banheiro estava fechada, imaginou que tivesse passando mal e foi ver, bateu na porta, mais ninguém respondeu,
- Jhony? Ta ai amor? – ela perguntou com certa timidez na voz, não ouve resposta – Jhony ta me assustando, responde, por favor. – Nada, só silêncio.
Ela resolveu buscar a chave mestra do apartamento que ficava na cozinha, quando se virava para se encaminhar para lá, ouviu o click da fechadura, mais a porta continuou fechada.
- Jhony, se essa for mais uma de suas brincadeiras idiotas, eu juro que vou ficar muito chateada com você – havia medo na sua voz, no fundo ela sabia que aquilo não era mais uma das brincadeiras de seu namorado, havia algo atrás daquela porta, algo que ela não queria ver, mais mesmo assim não podia ir embora, e se ele estivesse mal de verdade, e se estivesse passando mal naquele momento, ela nunca se perdoaria se algo acontece com ele, o relacionamento deles não era mais como antes, mais ainda o amava.
Abriu a porta devagar, o banheiro era pequeno, mais a privada dava de cara para a porta, Jhony não estava debruçado nela como ela havia imaginado, a cortina do box com a pequena banheira estava, fechada. Caminhou até a cortina e a abriu e nada ali também, olhou em volta como se estivesse procurando algo, o banheiro estava vazio.Mais tinha certeza de que a porta estava trancada, ouviu o ferrolho abrindo com seus pequenos estalos da chave girando.Ainda com a cara de alguém que imagina coisas, “Não posso estar enlouquecendo”, ela pensou, “Havia alguém naquele banheiro e era o Jhony,”. ”Se ele não esta no banheiro pra onde ele foi?” Olhava para a banheira a sua frente com certa incredulidade, sentiu que alguém a olhava, olhou para trás, só o espelho do banheiro nada mais, mais não era bem verdade, havia algo no espelho, algo de estranho, ela descobriu o que era depois de um tempo olhando fixamente, não era um banheiro que ela via no espelho, havia seu reflexo, mais a banheira atrás havia desaparecido e a parede atrás dela não era branca, mais sim verde e também havia mais alguma coisa ali, não aparecia no espelho mais estava ali, talvez bem atrás dela, podia sentir a respiração da coisa em seu pescoço era algo perverso, demoníaco, então a dor lhe abateu, seu ombro começou a doer e mesmo assim não tirou seus olhos do espelho, seu reflexo no espelho começou a sangrar, sangue jorrava de seu ombro direito ferido, podia sentir a mandíbula da coisa no seu pescoço, mordendo e rasgando sua pele.
Era Jhony, mais não mais seu Jhony e sim outra coisa, no corpo dele, a coisa que havia saído daquele lugar, do lugar que aparecera no espelho. Foi então que algo, uma força estranha se apossou de seu corpo, uma força que fez a coisa que antes fora seu namorado, cair para trás dentro da banheira, o reflexo no espelho mudara agora, voltará a ser o banheiro e quando olhou para trás Jhony estava ali caído, mais seus olhos mostravam que não era mais o mesmo, era um tipo de monstro. Correu de volta para o quarto batendo a porta atrás de si, ouviu quando a coisa se levantou para ir atrás dela, então correu para a cozinha, abriu a gaveta de facas, seu ombro ainda sangrava e seu braço direito era inútil por causa da dor, pegou um cutelo e fico ali parada esperando que a coisa viesse atrás dela, mais nada, não havia ruído nenhum vindo da sala e o quarto estava silencioso.
Sentada no chão, chorando e com o telefone na mão, havia caído a ligação, o cutelo estava longe e nada se ouvia dentro do apartamento a não ser seu choro. A coisa talvez tivesse ido embora, mas levara Jhony consigo, o tempo passou devagar a dor no braço e na perna estavam diminuindo, o frio abatia seu corpo, talvez pela perda considerável de sangue. Nada mais podia fazer a não ser esperar, a morte á levaria logo ou a coisa voltaria para buscá-la, iria levar ela pra aquele lugar sombrio, que parecia com uma masmorra, um dia os vizinhos estranhariam o silencio e chamariam a policia, não encontrariam corpo nenhum e imaginariam que eles haviam se mudado, sema avisar ninguém a única pessoa que saberia, mais ou menos o que aconteceu, seria sua irmã. Então uma batida na porta, quebrou o silencio no apartamento, alguém chamando e mais uma batida, não tinha mais forças pra gritar, mais seu coração se encheu de esperanças, se arrastou até a sala, as batidas e gritos ficaram mais fortes e desesperados, até que a porta foi arrombada, a ultima coisa que karine viu, foi um policial entrando no apartamento e depois disso só a escuridão.
Acordou algumas horas depois em uma cama de hospital, uma enfermeira monitorava os equipamentos e regulava o soro, olhou pra ela sorrindo.
- Que bom que acordou, vou chamar o médico, só um estante – disse a enfermeira saindo do quarto.
Karine olhou em volta, o quarto era pequeno, tinha mais uma maca que se encontrava vazia, não conseguia lembrar de muita coisa e nem sabia se queria lembrar, a única coisa que conseguia pensar era no seu namorado, onde ele poderia estar e se estava bem, algo dentro dela sabia que não veria ele vivo novamente, mais ainda mantinha esperanças. A porta do quarto abriu, mas não foi um médico que entrou, foi um homem baixo e com uma leve barriga, não havia mas muito cabelo, provavelmente a perda se dava pela idade ou pelo stress. O médico veio logo atrás.
- O Senhor não pode entrar ai, ela está em um estado delicado, deve descansar – parecia um daqueles médico dos filmes, alto cabelo grisalho, em média quarenta e poucos anos.
- Só um instante Dr. – o detetive parou para olhar o crachá do médico – Michael, só algumas perguntas e prometo que me retiro, nada que vá forçar sua paciente – disse detetive, com um leve sorriso no rosto.
O médico, Michael, deu uma ultima olhada para o Detetive, com as sobrancelhas um pouco erguidas e se retirou do quarto, o homem baixo que parecia ter invadido o quarto, agora olhava com olhos sérios, para a moça na cama, chegou mais perto, examinou a ficha médica dela, nos pés da cama, e se dirigiu a cadeira que estava do lado da cama. Com uma parada dramática, se arriou na cadeira ainda fitando a garota.
- Boa noite, meu nome é Ralph, Detetive Ralph – disse ele com um pequeno sorriso- o seu é Karine né? – a garota deu um leve abanar de cabeça – Bom o assunto que venho tratar aqui hoje, e quem tem me intrigado deste que cheguei a seu apartamento, é o que diabos aconteceu lá dentro? – sem deixar tempo para a garota responder ele continuou – Sabe, eu tenho uma teoria, vocês tiveram uma pequena discussão, essa discussão talvez tenha esquentado, ele te agrediu, e você, talvez em surto de raiva, matou e esquartejou seu namorado. – ele deu um tempo para ver a reação da garota, que arregalou os olhos ao ouvir isso – até a parte de se defender dos ataques dele eu entendo, acidentalmente telo matado é compreensível em um caso desses, mais esquartejá-lo, acho que você foi longe demais, sua raiva era tanta assim? – disse Ralph, não esperando umas resposta, não havia respostas para o que ele falou, ela sabia que tinha sido pega, todos ficavam em silencio nessa hora, quando ia começar a falar de novo, para ler os direitos dela, a garota respondeu.
- Eu não matei o meu namorado – a voz saiu fraca, mais o detetive intendeu.
- Então quem foi? – ele disse sorrindo para ela, um sorriso irônico – Não a sinal de arrombamento no apartamento, o porteiro disse que ninguém subiu ou desceu do andar de você, na verdade ele me relatou, que no mento do ocorrido ninguém entrou nem saiu do prédio.
-Se eu contar, ninguém vai acreditar – karine estava fraca, sua voz era quase um sussurro, mais o detetive tinha ouvidos bons.
- Assim que estiver recuperada, e receber alta, ira a julgamento, pelo assassinato de Jhony Macsuel – Ralph olhou mais uma vez para garota esperando que ela iria jurar inocência, mais ela permaneceu quieta. – bom sendo assim eu tenho que ir, espero que melhore – disse isso com um leve sorriso no rosto, levantou da cadeira e se encaminhou para a porta.
- Acho que não nos veremos mais, detetive – falou karine com um sorriso estranho no rosto, o detetive Ralph se virou para ela com a cara um pouco assustada, ela o encarava sentada na cama e com os olhos opacos, quando falou de novo, não era mais a mesma voz, havia engrossado e parecia uma voz masculina - Essa alma já é minha detetive – depois disso começou a gargalhar, uma risada que a Ralph chamais esqueceria, e depois dei dez anos, na hora de sua morte, lembraria dela, e lembraria mais, lembraria do olhar que vira no rosto da garota o mesmo olhar estaria estampado no rosto do seu assassino.
Autoria de : Thiago Schmidt Mendonça
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